sábado, 13 de outubro de 2012

De Cervantes a Carneiro

Vocês conhecem o conto O Curioso impertinente de Miguel de Cervantes? Vou tentar dar uma resumida rápida: Anselmo é casado com Camila, mas com o objetivo de testar a fidelidade de sua esposa, resolve pedir ao seu melhor amigo Lotário que a corteje. Lotário não aceita, mas acaba se vendo obrigado a ceder devido à insistência do amigo. O marido usa desculpas para se afastar de casa e a esposa manda um bilhete delatando o galanteio do amigo. Anselmo segue com a ideia fixa de provar se sua esposa é, realmente, fiel. Com a aproximação de Lotário e Camila, os dois iniciam um romance e Camila toma ciência da armação do marido. Então, começa toda a tragédia, Camila vai para um convento para fugir da ira do marido, pois achava que ele já havia descoberto tudo; na procura do novo casal, Anselmo sofre um acidente e acaba por descobrir a derradeira traição, morre logo depois; Lotário foge e acaba morrendo em uma batalha e Camila, adúltera e viúva, morre de tristeza. 

Essa história parece com algum enredo recente, né? Leleco, Darkson e Tessália (da novela Avenida Brasil) interpretaram, sem o fim trágico, esse mesmo roteiro. Esse conto está no renomado Dom Quixote, e as pessoas ainda vêm me dizer que novela é coisa de pobre sem cultura. A novela, guardada a devidas proporções, precisa ser popular, dar ibope, precisa ser adequada a massa, com um linguajar fácil e personagens atraentes. Uma novela é um trabalho árduo de um pesquisador, sim. O roteirista pode trabalhar em cima de um romance de Machado de Assis, mas ele terá que adaptar essa história para o seu público, e isso não fará a obra ser menos rica, a obra será diferente, ganhará um outro olhar. 

Odeio preconceitos e, por isso, acho pertinente compartilhar com algumas pessoas desinformadas que acham que somente a sua verdade é válida. Nós temos, por direito, liberdade de nos manifestar como queremos, e toda forma de manifestação cultural é válida. Não importa se é um funk, um poema de Clarice Lispector ou um pagode, tudo isso é arte, e a arte representa um povo ou um grupo. Da mesma forma que você não gostaria de ser humilhado por não gostar de samba no país do Carnaval, não humilhe ninguém por não conhecer Caetano ou Zé Ramalho. Um bom avô já disse há muito tempo atrás, não faça aos outros o que não gostaria que fizessem com você. 



2 comentários:

  1. Apoiadoooo! Totalmente apoiado. Eu tava até comentando com meu marido esses dias que acho bárbaro o que esse cara tá conseguindo fazer. Ele tá tornando a coisa toda tão interessante, tão semelhante à vida real que as pessoas não conseguem não gostar da novela. Eu sou uma, que escuto o Oioioi e venho correndo pra sala.
    Parabéns pelo post!

    Beijinhos!

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  2. A ideia é destruir os tabus e abrir os olhos para novas coisas, sem preconceito.

    Obrigada pela visita, Jéssica.

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