“A arte não precisa de estética
perfeita ou gramática correta, a arte tem que ter alma. A cultura não tem que
ter perfeição até porque este ideal está nos olhos de quem vê.”
É com esse trecho do texto do Ricardo Barbieri que eu estendo a discursão dele e dou início a minha. E não venho discutir o
que é certou ou errado, afinal, se vivemos num “país democrático” onde a
maioria escolhe até o representante da Nação,
porque achamos que nós, uma minoria, só porque dominamos alguns
conhecimentos gramaticais, estamos certos? Quem disse isso? Uns gramáticos
dispostos a elitizar o nosso bom Português? Eles também são uma pequenina
minoria.
Se você não for um advogadozinho
metido a doutor só porque acabou de passar na OAB, com certeza, eu nunca vou
achar engraçado se você, de repente, escrever “criança” com dois “esses”. Eu vou
entender que ou você não estudou numa escola de prestígio ou que você nunca se
interessou por aprender as regras da nossa Língua. Embora eu defenda que o
estudo de Língua Portuguesa deveria ser obrigatório em todos os cursos de
Ensino Superior, quem sou eu para dizer se a forma de se expressar de um grupo
é válida ou não?
Ninguém nasce falando Português,
aprende a estrutura básica logo que aprende as primeiras palavras. “Qué
dedeira” nada mais é do que a nossa construção convencional de sujeito oculto +
predicado (verbo + objeto direto).
Assim, o bebê tem sua solicitação atendida sem nem saber falar
Português, como dizem por aí. Da mesma forma, o marido desempregado escreve um
bilhete para sua esposa “Cabo meu dinheiro vamu economiza no lanxin das
crianssa”; E não muito diferente desses exemplos, mas num caso bem mais próximo
de mim, meu pai e meu avô que falam “bicicreta”, “Framengo” e “Craro”, e, para
descontruir os preconceitos, meu pai nem flamenguista é. Nesses casos, o
problema é na própria fala, o nome que damos a esse tipo de fenômeno é o
Rotacismo, quando as pessoas trocam o “r” pelo “l” ou vice-versa. Pode ser que
haja, sim, um pouquinho de preguiça do povo, mas não cabe a nós discutir essa
ou aquela razão, afinal, com prestígio ou não, eles são maioria. É aquela velha
história de “ele é grande, mas não é dois”. A quantidade, nesse caso, vence.
Nossa Língua é objeto de uso e
estudo constante por isso, muda sem que a gente perceba. Quem nunca se pegou
escrevendo “q” no lugar de “que” ou “vc” ao invés de “você”? Aí, você vai me dizer que é para facilitar na hora do bate-papo
na internet, e eu vou te dizer que o princípio dos falantes do uso informal do
Português é exatamente esse, simplificar, retirar os excessos. Ou você acha que
o termo “Vossa Mercê” usado antigamente virou “você” como? Nossa Língua nada
mais é que uma bela arte flexível a mudanças. Amém! ;]
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