quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sobre como ter 24 anos.

   Os anos se passaram. E eu só percebo que estou ficando velha porque os meus afilhados estão enormes, cheios de vocabulário e de atitudes inusitadas. Eles cresceram.
   Não casei. Não tive filhos. Não fui morar em outro país. Não me formei. Não saí da casa dos meus pais. Não passei em um concurso. Não encontrei um emprego estável. Vivi só para ser feliz. E tenho sido.
   Encontrei um amor para a vida toda. Na minha terra, a vida toda dura até a morte e não até o próximo bonitão que aparecer. E se não tiver a duração do intervalo entre o 0 e o infinito, eu não sei. Não sei mais o que pensar sobre o amor e essas outras coisinhas. Não sei e não sei se quero saber.
   Reconheci coisas que gosto de fazer. E tenho feito. Arte em papel. Enfeitinhos para festas. Ler e escrever em blogs. Dançar e cantar com a música da novela das 21h.
   Saudades eu tenho. Dos meus alunos da rede pública. Do meu padrinho. Do meu primo. Tenho saudades das brincadeiras idiotas que eu e os amigos do prédio inventavam.  Saudades dos amigos do prédio. Saudades da Irmã Josefa e daquele colégio de freira onde estudei praticamente a vida toda. Saudades de quando a minha mãe ainda ficava me esperando acordada.Saudades do mingau da vovó Sueli, que ela nunca fez pra mim, mas eu aproveitava quando ela fazia pro neto legítimo e eu ganhava um prato. E só pra constar: eu nunca fui tratada como neta "bastarda", só o mingau que era prioridade pro Gabriel, o que é justo, já que ele tinha 4 anos e eu 11.
   Vontade de viajar o mundo. De ganhar na Mega. De virar consultora de festa. De aprender a tocar tamborim. De entrar para a bateria do Salgueiro. De desfilar na Sapucaí em 2013. Vontade dá e passa? Não. Não passa. Talvez mude. Vire vontade de voar de asa delta. De correr numa maratona. De virar budista.
   Com o mundo do lado ao contrário, ainda acredito nas pessoas. Naquelas que fazem sem deixar pra depois. Acredito em fé. Mentalize uma coisa. Uma caixa de fósforos, talvez. Tenha fé nela. As coisas vão acontecer.
   São 24 anos. 8766 dias de histórias para contar. Algumas botas de gesso. Um queixo cicatrizado. Roxos que aparecem e somem. Algumas bebedeiras. Muitos amigos. Algumas viagens. Muitas lições. Alguns sonhos e toda fé que 159 centímetros pode suportar. Algumas realizações e todo o amor que houver nessa vida.

4 comentários:

  1. Será que há nas avenidas alguém mais feliz que eeeu?
    Obrigada, fofuras!

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  2. Rafaaaa, que texto lindo! Parabéns pelo texto e pelo dia de hoje!!!! Nos vemos amanha!! Bjss

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