sábado, 11 de agosto de 2012

Pai, você foi meu herói

 por Luísa Duarte

Durante um tempo fiquei me perguntando como homenagear o cara mais importante da minha vida. Fiquei lembrando dele e de todas as coisas mais marcantes pra mim e achei que nada seria mais justo que fazer essa homenagem de um jeito em que eu era bastante elogiada por ele: Escrevendo.
Me lembro de quando escrevi uma poesia para um concurso, e ela foi selecionada. Ele me pediu pra imprimir várias cópias daquela poesia, fez um canudinho e amarrou com uma fita. Era o orgulho dele. Minhas tias tem essa poesia, os advogados do escritório onde ele trabalhava também as tinham. Onde íamos ele falava “Luisa fez uma poesia linda sobre o amor e faz a melhor farofa de ovos do mundo”.  Lembro como se fosse hoje. Andando comigo, apoiado em meus ombros (nessa época ele já estava bem doente e não tinha muito equilíbrio pra andar sozinho).
Me lembro de cozinharmos juntos, quase todo final de semana e datas comemorativas em geral (Aniversários, Dia das Mães, Dia dos Pais).  Eu era a ajudante dele e como eu ficava revoltada em estar na cozinha, enquanto todas as outras crianças estavam brincando. “Luisa, descasque não sei quantas cebolas, o dobro de tomates e não sei quantas cabeças de alho”. Nossa, como eu ficava chateada, afinal, eu queria brincar. Que tola eu era. Que saudades que tenho daquela cozinha, de cozinhar com ele. E ah, se hoje em dia eu cozinho bem (modéstia a parte), agradeçam a ele, pois tudo que aprendi, cada coisinha, foi ele quem me ensinou. 
Ele sempre foi um cara rodeado de “amigos”, casa cheia todos os fins de semana... Muita bebida, comida a vontade.  Nessa época eu era muito pequena, não me lembro bem. Quando comecei a entender as coisas, ele já estava doente e esses muitos amigos já não eram mais presença frequente em nossa casa. Ele tinha diabetes. Não podia beber muito e ele simplesmente não respeitava isso. Ele vivia o hoje.
Enfim, o tempo foi passando e ele cada vez mais doente. Menos amigos. Mais preocupações. Começou a fazer hemodiálise, pois seus rins já não funcionavam bem assim. E a vida foi seguindo assim, até que em 2003 ele precisou ser internado e de lá não saiu mais.
Coincidentemente, ele morreu no dia 13 de agosto de 2003. Um dia depois do Dia dos Pais. Meu Deus, como eu sinto saudade. Daquela risada, da tosse chata, da televisão alta., daquele beslicãozinho inesquecível. Como eu sinto saudade.
Eu poderia falar muitas coisas, de como queria ele aqui hoje, de como ele ficaria todo bobo com o netinho dele, tricolor, como ele era, mas resumo tudo a saudade. Uma saudade gostosa, uma lembrança maravilhosa do cara que foi meu herói, meu melhor amigo, meu tudo.   
De onde estiver, sei que esteve em meus pensamentos em todo o momento em que escrevi isso e poderá dizer também: “Luisa fez um texto lindo pra mim em homenagem ao Dia dos Pais”.
Um Feliz Dia dos Pais a todos, que também tem um pai herói, como eu tive.

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